Lembranças
É inverno, a chuva cai fina na noite que se cobriu de cinza, escondendo a lua e apagando o prateado. Uma noite curta típica da época e comprida pela solidão.
Na manhã o ar fresco e inebriante invade as primeiras horas de um dia claro e transparente. Os canários de cores amarelas, alheios a uma noite fria e negra, fazem festa com sementes de capim juntos com os primeiros raios de sol. De longe se ouve as ondas do mar com espumas brancas e borbulhantes que calmamente, subindo a areia fina e cristalina alisa os pés e massageia a alma daqueles que pisam e cruzam os seus caminhos.
Praia deserta de beleza imensa, uma beleza difícil de decifrar em palavras, porque só o olhar consegue captar e emergir a sua sutileza.
O dia devagar vai consumindo as horas, os minutos vão passando rapidamente devorando o tempo, tão precioso e tão raro.
À tarde, o sol brilhante vai de encontro ao vento que suavemente bate nas ondas e respinga o sabor de um beijo de maresia.
Um beijo de encantos e encontros como o balanço das palmeiras que sorrateira bate sua folha no chão, varrendo as inúmeras lembranças que se perderam no tempo